quarta-feira, 27 de abril de 2011

Charles Goodyear – Vida

Foi esta a personagem química, escolhida pelos alunos de Química do 12º Ano do Externato Cooperativo da Benedita, no âmbito do Ano Internacional da Química.
Goodyear foi um comerciante de ferragens da Filadélfia que desenvolvem trabalhos com a borracha, um dos polímeros mais usados actualmente. Já no século XIX este homem propôs muitas das aplicações actuais deste material.
Em 1834, a empresa de ferragem de Charles entrou em falência, e ele dirigiu-se à primeira empre4sa de fabrico de borracha da América, em busca de um emprego. Goodyear mostrou ao gerente uma nova válvula para os salva vidas em borracha que tinha inventado. Para sua tristeza, o gerente mostrou-lhe prateleiras de materiais em borracha que se tinham derretido em cola malcheirosa, devido ao clima, e que por isso, a empresa atravessava uma fase de crise.
Como se costuma dizer, há males que vêm por bem. Olhando para a borracha derretida, Goodyear decidiu investigar. Sendo preso devido a dívidas, pediu que lhe levassem um pedaço de borracha inerte e um rolo de massa. Na sua cela, amassou e trabalhou a goma durante horas a fio. Pensou em adicionar alguma substância para diminuir a viscosidade do produto, mas sem resultado, ainda.
De novo em liberdade, com algum apoio económico, comprou algumas centenas de galochas de borracha seca com magnésia. Surgiu o Verão, e antes de fazer negócio, a borracha derreteu-se numa pasta informe. As esperanças na utilidade da borracha estavam deitadas por terra.
Goodyear continuou a investigação, mas, a certo ponto, faltou-lhe matéria-prima. Assim, decidiu utilizar uma velha amostra bronzeada, aplicando-lhe ácido nítrico para remover a tinta de bronze. A peça ficou negra e Charles Goodyear deitou-a fora. Uns dias depois recordou-se que a amostra tinha algo de diferente de todas as outras. Procurando-a no lixo, verificou que o pedaço de borracha estava efectivamente diferentes, é esta a borracha que conhecemos hoje em dia.
A corrida por este material começou: tinta de borracha, tiras para carros, pára-choques de ferryboats, pneus de carrinhos, salva-vidas insufláveis são “recentes” aplicações que Goodyear já tinha proposto no século XIX.
Apesar da descoberta, os contratos de negócio de Goodyear sobre a sua patente eram ridiculamente maus e, além disso, este homem era lento no registo das patentes. Deste facto resultou que não tivesse recebido qualquer remuneração pelas suas descobertas.
No seguimento da sua descoberta, ainda enviou algumas amostras de borracha “sulfurosa” para companhias de borracha britânicas. Thomas Hancock reinventou a borracha vulcanizada em 1843, seguindo as pistas amareladas de enxofre das amostras de Goodyear. Hancock acaba por registar a patente inglesa antes de Goodyear. Apear disto, Thomas ainda tentou negociar com o ex-comerciante de ferragens oferecendo-lhe metade dos lucros da patente. Este preferiu levar o caso à justiça e perdeu, vendo-se envolvida em mais dívidas.
Apesar disso continuou a trabalhar com borracha, mas quando a sua patente francesa foi cancelada, foi levado preso de novo, para o seu “hotel” familiar, como este lhe chamava.
Faleceu em 1860. Nem Goodyear nem a sua família estão ligados à actual empresa bilionária do negocia da borracha, a Goodyear Tire & Rubber Co.


A vida não devia ser considerada apenas pelo padrão dos dólares e dos cêntimos. Não me queixo que eu plantei e outros colheram os frutos. Um homem tem para se lamentar apenas quando semeia e ninguém colhe”.
Charles Goodyear (1800 – 1860)

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